segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

BAUDELAIRE

É preciso estar sempre embriagado.
Isso é tudo: é a única questão.
Para não sentir o horrível fardo do Tempo
que lhe quebra os ombros e o curva para o chão,
é preciso embriagar-se sem perdão.
Mas de que?
De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser.
Mas embriague-se.
E se às vezes, nos degraus de um palácio,
na grama verde de um fosso,
na solidão triste do seu quarto,
você acorda,
a embriaguez já diminuída ou desaparecida,
pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo o que foge, a tudo o que geme,a tudo o que rola,
a tudo o que canta, a tudo o que fala,
pergunte que horas são
e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão:
"É hora de embriagar-se!
Para não ser o escravo mártir do Tempo,
embriague-se; embriague-se sem parar!
De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser."

Baudelaire

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