quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

SER É ESTAR LIVRE

Não se subornar a nada -
nem a um homem,
nem a um amor,
nem a uma idéia,
ter aquela independência longínqua
que consiste em não crer na verdade,
nem, se a houvesse,
na utilidade do conhecimento dela -
tal é o estado em que, parece-me,
deve decorrer, para consigo mesma,
a vida íntima intelectual dos que não vivem sem pensar.
Pertencer - eis a banalidade.
Credo, ideal, mulher ou profissão -
tudo isso é a cela e as algemas.
SER É ESTAR LIVRE.

Fernando Pessoa
Livro do Desassossego

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